02 março 2007

Apitó Comboio – Parte II - "A Irmandade da Ferrovia"

Depois da Parte I deste filme (“Apitó Comboio - O Regresso do Rei”), eis que chega a estreia de “Apitó Comboio – A Irmandade da Ferrovia”, que conta a bela história de um grupo de “hobbits”, “trolls” e “orcs” que procuram comprar anéis e jóias à custa do contribuinte Português.

Pois bem, em Abril de 2001, a Sociedade de Empreitadas Ferroviárias (SEF), que é um dos principais empreiteiros da REFER na região norte, apresentou uma factura de 387 mil euros referente a uma obra ao km 85 da linha do Douro, no decurso de uma intempérie, na qual só pontualmente participou, mas onde inflacionou a quantidade de horas das máquinas e da mão-de-obra de tal forma que os dias teriam de ter mais de 24 horas para que tais números correspondessem à verdade. Mais concretamente verificou-se que, em certas circunstâncias as máquinas teriam de trabalhar 80 horas por dia para prefazer o total de horas apresentado na factura.
Meus amigos, todos sabemos que o sector da construção civil portuguesa é extremamente produtivo, de tal modo que não nos estranha que consiga fazer em 24 horas de um dia o trabalho equivalente a 80 horas de trabalho!

Em Setembro de 2004, quando confrontado com estes factos, o então presidente da empresa, Brancaamp Sobral, assegurou que desconhecia o assunto e que mandaria instaurar de imediato um inquérito para apurar responsabilidades.
Poucos dias depois, um director da região norte era suspenso de funções, tendo-se reformado voluntariamente alguns meses mais tarde.
As consequências do km 85 terão ficado por aqui e até hoje a empresa pública Refer não foi ressarcida por ter pago indevidamente, com a conivência de técnicos da empresa (a tal “Irmandade”), trabalhos que não terão sido realizados.

Em 1 de Fevereiro deste ano, a REFER respondia que "a comissão de inquérito concluiu que, a nível de análise técnica, a quantidade de meios envolvidos não é ajustada à natureza da prestação do serviço e à exiguidade do espaço disponível para a execução".
A mesma resposta, enviada por escrito, dizia ainda que foram "apuradas responsabilidades a nível de procedimentos internos" e que a REFER tinha desencadeado as "competentes acções judiciais para demandar os trabalhadores no que concerne ao ressarcimento da empresa pelos danos sofridos".
Estamos à espera pela conclusão dessa acção judicial para que o dinheiro volte aos bolsos dos contribuintes portugueses!

Entretanto a Irmandade tem voltado à produção de filmes. Agradada com o serviço prestado, a REFER continuou a adjudicar empreitadas à SEF, apesar das conhecidas histórias deste empreiteiro que a tem ludibriado. Recentemente, no Entroncamento, descobriu-se que camiões da O2 (uma empresa do mesmo grupo da SEF) estavam carregados com terra debaixo das travessas de madeira que transportavam, de forma a aumentar o peso da carga e poder, assim, cobrar mais à REFER.

Continuem a fazer filmes destes! Talvez com isso obtenham o Óscar para empresa pública mais corrupta.
E nós continuamos ou à espera dos comboios, ou então a vê-los passar...

Gervásio
E você? Quanto tempo mais vai levar a pedir a restituição do seu dinheiro?

1 Comments:

At 2:49 da tarde, Blogger João said...

Não haja dúvida que Portugal está cheio de empresas de qualidade inquestionável...

Bela crítica!

 

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