"Portugueses são muito tolerantes com a corrupção"
Esta cultura permissiva face à corrupção, é, entre outros, produto da forma como o poder político e administrativo se organizam – algumas das condições que favorecem a corrupção e que passam sobretudo pelo comportamento e funcionamento dos órgãos do Estado, nomeadamente a sua intervenção excessiva e desordeira na economia.
Concentração de poderes num cargo “sem que tenham sido criados garantias horizontais e verticais ao exercício das suas competências”; ineficiência administrativa “que, muitas vezes, deriva de uma política de recrutamento do tipo familiar, partidário, portanto, recrutamento sem mérito e sem qualidade”; “controlos formais ineficazes e inconsequentes; insuficiência da disciplina/repressão: tardia; onerosa; redutora; selectiva (“peixe miúdo”); impotente (amnistia); sem credibilidade (regresso a funções)”; “desprestígio da função pública e ausência de uma noção de “missão de serviço público”; “passagem de políticos para os corpos de direcção de empresas após o termo do mandato e vice-versa”, foram alguns dos exemplos apresentados.
A falta de liberdade e qualidade de imprensa e de uma cidadania activa, pode ser outro dos pecados, neste caso com o investigador a apontar o dedo à imprensa regional muitas vezes controlada e financiada por empresas locais e câmaras municipais.
In Público, 05.03.2010 – Some food for thoughts!
Gervásio