29 abril 2007

Ajoelhe-se perante sua Majestade!

A Direcção Regional dos Assuntos Fiscais (DRAF) da Madeira recusou-se, formalmente, a colaborar na identificação dos contribuintes residentes na Madeira que preenchem as condições para figurar na lista de devedores ao fisco publicada pela Direcção Geral dos Impostos (DGCI). Um dos argumentos dado pela DRAF para recusar a colaboração com a DGCI foi a obediência hierárquica em relação ao Governo da Madeira a que está obrigado o responsável dos impostos daquela região.

Dez meses passados desde a divulgação, no continente, da primeira lista de contribuintes com dívidas ao fisco, e de estas listas já terem sido actualizadas várias vezes, os contribuintes residentes na Madeira continuam sem estarem sujeitos a este escrutínio.

O jornal "Público" acrescentou ainda que perante esta realidade, “o Ministério das Finanças foi-se escudando no pedido de pareceres para apurar da legalidade desta situação. O primeiro desses pareceres, do final do ano passado, é dos próprios serviços da DGCI. O segundo, já do início de 2007, é do Centro de Estudos Fiscais (CEF). Em qualquer dos casos, a conclusão é a mesma: a publicação das listas constitui um poder de âmbito nacional da competência da DGCI e, como tal, não está transferido para a DRAF da Madeira.” ou seja, é da responsabilidade do Governo e do director-geral dos Impostos determinar a publicação do nome dos contribuintes com domicílio fiscal na Madeira que preencham os requisitos para figurar na lista.

Acontece que esta publicação não se consegue sem a colaboração dos serviços fiscais da Madeira. Porquê? Porque a DRAF tem de colaborar na validação da lista negra pois os serviços informáticos da DGCI podem apresentar algumas falhas. A DRAF argumenta que deve subordinação a sua Majestade Alberto João Jardim e que desta forma não publicará a lista. O Gervásio só tem uma palavra para mais esta novela: Escândalo!

Gervásio
E você? Quanto tempo mais vai levar a ajoelhar-se perante sua Majestade?

P.S. O Gervásio tem, desde o primeiro dia, disponibilizado o link para esta lista! Não perca a oportunidade de dar uma vista de olhos: de entre os contribuintes singulares que devem mais de 1 milhão de euros temos três Antónios e três Josés!

20 abril 2007

Expliquem-me porquê!


O Parlamento aprovou recentemente a publicação, por ordem de antiguidade, das dívidas do Estado, das administrações central e local, dos serviços e fundos autónomos do Estado, da empresa pública Estradas de Portugal, dos hospitais sociedades anónimas ou entidades públicas empresariais e das sociedades gestoras do programa Polis. Assim, a publicação da referida lista deverá estar para breve no site do Ministério das Finanças.

O nosso aplauso a esta iniciativa. O Gervásio ficará atento a mais uma tão esperada publicação e publicará o link da referida lista assim que ficar disponível.

O Gervásio agradece ainda a todas as mentes brilhantes que lhe conseguirem explicar o porquê da abstenção do PS e PCP na votação parlamentar acima descrita!

Gervásio
E você? Quanto tempo mais vai levar a explicar?

15 abril 2007

"O país que não merece ser desenvolvido"


"O país que não merece ser desenvolvido" by João César das Neves

"Portugal fez tudo errado, mas correu tudo bem. Esta é a conclusão de um relatório internacional recente sobre o desenvolvimento português. Havia até agora no mundo países desenvolvidos, subdesenvolvidos e em vias de desenvolvimento. Mas acabou de ser criada uma nova categoria: os países que não deveriam ser desenvolvidos. Trata-se de regiões que fizeram tudo o que podiam para estragar o seu processo de desenvolvimento e...falharam. Hoje são países industrializados e modernos, mas por engano. Segundo a fundação europeia que criou esta nova classificação, no estudo a que o DN teve acesso, este grupo de países especiais é muito pequeno. Alias, tem mesmo um só elemento: Portugal. A Fundação Richard Zwentzerg (FRZ), iniciou há uns meses um grande trabalho sobre a estratégia económica de longo prazo. Tomando a evolução global da segunda metade do século XX, os cientistas da FRZ procuraram isolar as razões que motivavam os grandes falhanços no progresso. O estudo, naturalmente, pensava centrar-se nos países em decadência. Mas, para grande surpresa dos investigadores, os mais altos índices de aselhice económica foram detectados em Portugal, um dos países que tinham também uma das mais elevadas dinâmicas de progresso.

Desconcertados, acabam de publicar, à margem da cimeira de Lisboa, os seus resultados num pequeno relatório bem eloquente, intitulado: "O País Que Não Devia Ser Desenvolvido"- O Sucesso Inesperado dos Incríveis Erros Económicos Portugueses. "Num primeiro capítulo, o relatório documenta o notável comportamento da economia portuguesa no último meio século. De 1950 a 2000, o nosso produto aumentou quase nove vezes, com uma taxa de crescimento anual sustentada de 4,5 por cento durante os longos 50 anos. Esse crescimento aproximou-nos decisivamente do nível dos países ricos. Em 1950, o produto de Portugal tinha uma posição a cerca de 35 por cento do valor médio das regiões desenvolvidas. Hoje ultrapassa o dobro desse nível, estando acima dos 70 por cento, apesar do forte crescimento que essas economias também registaram no período. Na generalidade dos outros indicadores de bem-estar, a evolução portuguesa foi também notável. Temos mais médicos por habitante que muitos países ricos. A mortalidade infantil caiu de quase 90 por mil, em 1960, para menos de sete por mil agora. A taxa de analfabetismo reduziu-se de 40 por cento em 1950 para dez por cento.

Actualmente a esperança de vida ao nascer dos portugueses aumentou 18 anos no mesmo período. O relatório refere que esta evolução é uma das mais impressionantes, sustentadas e sólidas do século XX. Ela só foi ultrapassada por um punhado de países que, para mais, estão agora alguns deles em graves dificuldades no Extremo Oriente. Portugal, pelo contrário, é membro activo e empenhado da União Europeia, com grande estabilidade democrática e solidez institucional. Segundo a FRZ, o nosso país tem um dos processos de desenvolvimento mais bem sucedidos no mundo actual. Mas, quando se olha para a estratégia económica portuguesa, tudo parece ser ao contrário do que deveria ser. Segundo a Fundação, Portugal, com as políticas e orientações que seguiu nas últimas décadas, deveria agora estar na miséria. O nosso país não pode ser desenvolvido. Quais são os factores que, segundo os especialistas, criam um desenvolvimento equilibrado e saudável? Um dos mais importantes é, sem dúvida, a educação.

Ora Portugal tem, segundo o relatório, um sistema educativo horrível e que tem piorado com o tempo. O nível de formação dos portugueses é ridículo quando comparado com qualquer outro país sério. As crianças portuguesas revelam níveis de conhecimento semelhante às de países miseráveis. Há falta gritante de quadros qualificados. É evidente que, com educação como esta, Portugal não pode ter tido o desenvolvimento que teve. Um outro elemento muito referido nas análises é a liberdade económica e a estabilidade institucional. Portugal tem, tradicionalmente, um dos sectores públicos mais paternalista, interventor e instável do mundo, segundo a FRZ. Desde o "condicionamento industrial" salazarista às negociações com grupos económicos actuais, as empresas portuguesas vivem num clima de intensa discricionariedade, manipulação, burocracia e clientelismo. O sistema fiscal português é injusto, paralisante e está em crescimento explosivo. A regulamentação económica é arbitrária, omnipresente e bloqueante.

É óbvio que, com autoridades económicas deste calibre, diz o relatório, o crescimento português tinha de estar irremediavelmente condenado desde o início. O estudo da Fundação continua o rol de aselhices, deficiências e incapacidades da nossa economia. Da falta de sentido de mercado dos empresários e gestores à reduzida integração externa das empresas; da paralisia do sistema judicial à inoperância financeira; do sistema arcaico de distribuição à ausência de investigação em tecnologias. Em todos estes casos, e em muitos outros, a conclusão óbvia é sempre a mesma: Portugal não pode ser um país em forte desenvolvimento.

Os cientistas da Fundação não escondem a sua perplexidade. Citando as próprias palavras do texto: "Como conseguiu Portugal, no meio de tanta asneira, tolice e desperdício, um tal nível de desenvolvimento? A resposta simples, é que ninguém sabe.

Há anos que os intelectuais portugueses têm dito que o País está a ir por mau caminho. E estão carregados de razão. Só que, todos os anos, o País cresce mais um bocadinho. "A única explicação adiantada pelo texto, mas que não é satisfatória, é a incrível capacidade de improvisação, engenho e "desenrascanço" do povo português. "No meio de condições que, para qualquer outra sociedade, criariam o desastre, os portugueses conseguem desembrulhar-se de forma incrível e inexplicável." O texto termina dizendo: "O que este povo não faria se tivesse uma estratégia certa?"."

Gervásio
E você? Quanto tempo mais vai levar a perceber?

09 abril 2007

Chico-espertismo agudo!

O presidente da Junta de Freguesia de Arcas, do concelho de Macedo de Cavaleiros, perdeu o mandato no final do mês de Fevereiro por ter adjudicado a si próprio obras da junta que dirige. A Junta de Freguesia de Arcas decidiu fazer pequenas obras no edifício da antiga escola primária, que lhe foi cedida pela câmara depois de encerrar por falta de alunos. A empreitada incluía ainda intervenções em ramais para abastecimento de água.

Por se tratar de pequenas obras, que não exigem concurso público, a freguesia fez uma consulta a três empreiteiros para apresentarem propostas. Um dos concorrentes foi precisamente o presidente da junta, Artur Parreira, que participou ainda na abertura de propostas e… adivinhem quem ganhou a empreitada? Xôutor Artur Parreira!!!

A legislação em vigor proíbe os eleitos locais de celebrarem com a autarquia de que são membros qualquer contrato e tomarem decisões sobre assuntos em que estejam pessoalmente interessados, directa ou indirectamente. O Xôutor Artur Parreira ou não conhecia a lei ou teve um ataque de chico-espertismo agudo que fez com que concorresse à empreitada. Mais uma personagem fora de jogo!

O Gervásio conseguiu ainda uma entrevista exclusiva com um dos primos do Xôutor Parreira (tambem ele autarca), gravada umas semanas antes deste escândalo vir a público:



Gervásio
E você? Quanto tempo mais vai levar a perceber?

03 abril 2007

Quem quer ser milionário?


Existem vários segredos nesta vida, que o comum dos mortais ainda não desvendou: o segredo da eterna juventude, o 3º segredo de Fátima, o segredo do enriquecimento rápido… Ups, afinal este segredo parece que já foi desvendado! Aparentemente um génio de nome Major Valentão conseguiu desvendá-lo e resolveu partilhar essa sabedoria com os seus amigos e familiares. O Gervásio teve conhecimento disso e resolveu partilhar, em primeira-mão, esse segredo com os seus leitores assíduos.

Pois bem, descobrimos que se comprar um terreno em Gondomar consegue quadruplicar o valor investido em seis dias! Muito melhor que qualquer fundo de investimento ou acção especulativa dos mercados emergentes! Melhor que isto em seis dias só o euromilhões, não acham?

Foi exactamente isto que o Xoutor José Luís Oliveira (vice-presidente da Câmara de Gondomar), o Xoutor Laureano Gonçalves (ex-dirigente do Conselho de Arbitragem) e o Xoutor Jorge Loureiro, filho do próprio Major Valentão, decidiram fazer em 2000, quando compraram um terreno baldio da Quinta do Ambrósio, pertencente na altura à Reserva Agrícola Nacional (RAN) por um milhão de euros. Seis dias depois, venderam-no à Sociedade de Transportes da Cidade do Porto por quatro milhões de euros, quando a propriedade era ainda RAN e não poderia ser usada pela STCP. Mas os vendedores garantiram, no contrato-promessa de compra e venda, que se responsabilizavam a «obter junto da Câmara Municipal de Gondomar a alteração do destino do prédio (...) para que fosse desafectado da Reserva Agrícola Nacional».
Obviamente que a razão para esta valorização espontânea teve a ver com o facto de o terreno pertencer a tão nobres personagens! É uma honra para a STCP poder comprar um terreno a estes digníssimos senhores, quais estrelas da grande produção de Hollywood, o filme “Apito Dourado”!

Mas o que se verifica é que existem muitas personagens idênticas por esse país fora! É só estrelas de filmes!

O Gervásio já fez o seu papel junto dos seus leitores assíduos divulgando o segredo do dinheiro fácil. Esperamos que haja uma súbita vaga de “novos-ricos” em Portugal que consigam levar o país prá frente.

Gervásio
E você? Quanto tempo mais vai levar a enriquecer?